O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) voltou ao centro do debate após recentes decisões que alteraram sua aplicação e reacenderam discussões sobre o impacto da carga tributária no Brasil. Utilizado como instrumento de arrecadação e regulação econômica, o tributo incide sobre transações como crédito, câmbio, seguros e investimentos, afetando tanto empresas quanto pessoas físicas.
Neste artigo, você entenderá o que é o IOF, por que ele voltou a ser notícia, quais operações ele abrange e como as mudanças recentes influenciam seu bolso e a economia brasileira como um todo.
O que é IOF?
O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é um tributo federal aplicado a pessoas físicas e jurídicas que realizam operações como crédito, câmbio, seguros, investimentos e negociações com títulos e valores mobiliários.
Mais do que uma fonte de arrecadação, o IOF cumpre um papel estratégico na política econômica do país. Por meio das informações geradas com sua cobrança, o governo consegue monitorar o comportamento do mercado financeiro e ajustar medidas que incentivem ou contenham determinados setores da economia.
Sua cobrança incide sempre que ocorre uma operação financeira específica, com alíquotas que variam conforme a natureza e o prazo da transação. Em essência, o IOF funciona como uma engrenagem que conecta o sistema financeiro às diretrizes econômicas do país.
Por que ele virou notícia?
O aumento do IOF está diretamente relacionado à estratégia fiscal adotada pelo Governo Federal para equilibrar as contas públicas. Em busca de ampliar a arrecadação, a União implementou uma série de medidas, entre elas o reajuste nas alíquotas do IOF.
Embora o objetivo fosse conter o endividamento público por meio do reforço nas receitas, a decisão gerou críticas, especialmente por ter sido anunciada sem medidas compensatórias — como cortes de gastos ou incentivos que reduzissem o impacto sobre os contribuintes.
A principal contestação, porém, recai sobre o desvio de finalidade: ao priorizar unicamente a arrecadação, o aumento do IOF teria deixado de cumprir seu papel original como ferramenta de regulação e controle das movimentações financeiras no país.
O que é cobrado IOF?
Como o próprio nome diz, o imposto incide em operações financeiras. São transações específicas e dentre as principais estão:
- Cartão de crédito: o IOF é aplicado em compras internacionais, mesmo quando o pagamento é realizado em reais.
- Empréstimos e financiamentos: operações de crédito firmadas entre pessoas físicas, jurídicas ou com instituições financeiras estão sujeitas à cobrança do imposto.
- Cheque especial: sempre que a conta entra no negativo e o banco realiza a cobertura do valor, há incidência de IOF sobre a quantia utilizada.
- Câmbio: a aquisição ou venda de moeda estrangeira, inclusive para fins de viagem, está sujeita à tributação pelo IOF.
- Seguros: a contratação de seguros, como os de vida ou de bens, também gera a cobrança do imposto, com alíquota variável conforme o tipo de apólice.
- Investimentos: aplicações financeiras resgatadas em prazos curtos, especialmente inferiores a 30 dias, podem estar sujeitas à incidência do IOF sobre o valor retirado.
Qual o valor da taxa do IOF?
Cada uma das operações possui alíquotas específicas de IOF, que variam conforme o valor, a finalidade e o prazo da transação. Por isso, o imposto pode representar um custo maior ou menor dependendo do contexto da operação.
Abaixo, elencamos as alíquotas referentes a cada situação:
Compras com cartão de crédito e débito
Para compras internacionais realizadas com cartões de crédito ou débito, a alíquota do IOF é de 3,5%.
Empréstimos
Nas operações de empréstimos e financiamentos, o IOF é composto por uma alíquota fixa de 0,38% sobre o valor total liberado e uma alíquota diária de 0,0082%, aplicada de acordo com o prazo da dívida. O teto total da alíquota diária é de 3,38%.
Importante: financiamentos de imóveis residenciais são isentos de IOF, conforme previsto em lei.
Cheque especial e crédito rotativo
Tanto o cheque especial quanto o crédito rotativo estão sujeitos ao IOF. A alíquota aplicada é de 0,38% sobre o valor utilizado, acrescida de 0,0082% ao dia, enquanto houver saldo devedor. O total da cobrança diária tem um limite de 3%.
Operações de câmbio
As transações de câmbio estão sujeitas à alíquota de 3,5% de IOF.
Seguros
O IOF sobre seguros varia entre 0,38% e 25%, a depender do tipo de apólice contratada. A cobrança incide sobre o valor pago à seguradora, seja à vista ou em parcelas.
- Seguro de vida: alíquota de 0,38% sobre o prêmio.
- Seguro de automóvel: alíquota de 7,38% sobre o valor total contratado.
Investimentos
No caso de investimentos, o IOF incide sobre aplicações com resgate em prazos inferiores a 30 dias. Produtos como CDB, Tesouro Direto, letras de câmbio, fundos DI e fundos de curto prazo estão sujeitos à cobrança, com alíquotas decrescentes conforme o tempo de aplicação.
Uma mudança relevante envolve os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), que antes eram isentos. Com o novo decreto, a alíquota de 0,38% poderá ser aplicada tanto ao investidor quanto às operações dentro do próprio fundo, o que pode resultar em uma bitributação.
Como o aumento do IOF afeta as empresas?
O aumento do IOF pode gerar uma série de efeitos negativos para as empresas, influenciando diretamente o custo do crédito, a gestão financeira e a competitividade no mercado. Entre os setores mais sensíveis estão aqueles que dependem de operações para reforço de caixa, captação de recursos e realização de investimentos — especialmente em cenários de instabilidade econômica.
Um dos impactos mais imediatos recai sobre o encarecimento de empréstimos, financiamentos e operações de capital de giro. Com a elevação do imposto, essas transações se tornam mais onerosas, comprometendo o fluxo de caixa e dificultando o acesso a crédito, o que pode reduzir a margem de lucro e limitar a capacidade de expansão da empresa.
As operações de câmbio também sofrem consequências relevantes. Negócios que atuam com importação ou exportação veem seus custos aumentarem, uma vez que o IOF mais elevado encarece transações internacionais, afetando contratos, prazos e competitividade no mercado global.
Mesmo empresas que não operam diretamente com crédito ou câmbio podem ser impactadas indiretamente. Isso porque instituições financeiras, seguradoras e fornecedores tendem a repassar o aumento do imposto em suas tarifas e preços, elevando os custos operacionais e pressionando ainda mais o orçamento empresarial.
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Jornalista e produtor de conteúdo da Dr. Fiscal. Bacharel em Jornalismo pela PUCRS. Copywriter e entusiasta em práticas inovadoras ligadas ao universo tributário.